A Multiculturalidade é o que faz a beleza e a riqueza da Cidade de Amora

A Multiculturalidade é o que faz a beleza e a riqueza da Cidade de Amora

Vamos falar de Instituições. De Afectos. De Educação. De espaços que fazem parte da orgânica da Cidade, como se com ela tivessem nascido. Vamos falar de uma em particular, que completou a 2 de Outubro, 68 anos de existência sob o lema “A Felicidade que se tem pelo Bem que faz”.

Vamos falar de um local que faz parte da história de várias gerações de Amorenses que ali: aprenderam as primeiras letras, a contar e a cantar; onde as horas são embrulhadas em pulos e brincadeiras; onde os choros são aconchegados em abraços que tornam as horas do reencontro com a família mais curtas; onde a comida sabe como a de lá de casa (e em alguns casos, até melhor, porque é o único aconchego que o estômago recebe); onde se trabalha para um bem comum, para construir sorrisos e dar esperanças; onde se aprende a fazer amigos para Vida e onde se recebe lições para se dar a ela o que de melhor temos.

E quem nos vai falar desse local, é um brasileiro com sotaque italiano, de sorriso e humor fácil, e que conta menos um ano do que a instituição de que hoje é Presidente.

Falamos do Centro de Assistência Paroquial de Amora (CAPA) e connosco falou Padre Geraldo Finatto.

JFA - Desde 1952 até agora, houve, certamente, mudanças tiveram de ser efectuadas para melhor responderem a todo este leque de população tão diversa?

GF - A comunidade da Amora reconhece os seus feitos de solidariedade social quer no pós-guerra quer nas décadas seguintes, marcadas pelos efeitos das sucessivas crises de desenvolvimento socioeconómico que o país atravessou. Segundo um texto do jornal “Tribuna do Povo”, organizou-se, na Amora, uma comissão dinamizada pelo pároco Manuel Marques com o objetivo de edificar e manter um “patronato”.

As obras foram-se alargando e desenvolvendo. A primitiva comissão do Patronato deu lugar à nova comissão do Centro de Assistência Paroquial de Amora. Esta importante obra de assistência social, viria a constituir motivo em torno do qual se agregou a grande maioria dos habitantes da freguesia de Amora. Nestes últimos anos o CAPA tem vindo a reajustar a sua intervenção e capacidade de resposta às necessidades sentidas pela população, tendo em consequência surgido mais três respostas sociais. Em 1998/99 surgiu a Creche Familiar – valência que funciona em casas particulares, sob a orientação da Instituição e, em 1999, o Refeitório Sociocultural, que fornece jantar e um conjunto de atividades culturais, a famílias carenciadas e indivíduos isolados. Em 2005, foi assinado um protocolo com a Segurança Social no âmbito do RSI formando-se o GIC - Grupo de Intervenção Comunitária.

JFA - Vivemos tempos que exigem uma atenção (ainda mais) especial a uma comunidade já de si algo debilitada a nível social. Enquanto presidente do CAPA, como analisa o presente tempo e que desafios terão ainda de ser ultrapassados?

GF - Enquanto Padre já não é o primeiro desafio que enfrento. Cada desafio é uma realidade nova e não se pode dar respostas imediatas pois exigem reflexão e serenidade no agir. A pandemia encontrou toda a sociedade fragilizada e impreparada. O vírus Covid 19 continua a ser uma grande preocupação para nós todos. Por isso, devemos respeitar as normas. Sabemos que a propagação, ou não, depende muito do nosso comportamento. Porém, não devemos ter medo pois o medo coloca-nos num estado de insegurança e impede-nos de inventar, criar e avançar. Respeito às normas sim, mas medo não.

JFA - A multiculturalidade, a inclusão das crianças de vários estratos sociais e de várias realidades familiares, é uma das muitas características que observamos quando entramos no Patronato ou no Caracol. Estas diferenças atenuam-se com os afectos que existem neste espaço e que faz com que diferença não se faz notar. Como conseguem esse trabalho e que frutos vêem essa mescla repercutir quando falamos de crianças que serão adultos /cidadãos num futuro que se quer mais equilitário?

GF - As crianças que os pais nos confiam são todas acolhidas com o mesmo respeito e o mesmo amor. A multiculturalidade é o que faz a beleza e a riqueza da nossa paróquia e da cidade de Amora. Nós acreditamos que cada nacionalidade com a sua Cultura, Tradições e maneira de expressar a Fé, nos abre para o mundo que está em contínuo movimento e obriga-nos a mudar. Diz um velho ditado: “Ninguém é tão pobre que não tenha nada para dar e ninguém é tão rico que não tenha nada para receber”. Creio que todos nós temos o desejo de construir juntos uma sociedade fraterna. Este desejo só se concretiza na medida em que cada um coloca ao serviço de todos os as riquezas que traz dentro de si. E, neste tempo de pandemia, ouvi tantas palavras de conforto e de esperança e observei tantos gestos de solidariedade que permitiram a pessoas doentes e carenciadas continuar a lutar pela vida.

JFA – São 68 anos de vida, de uma instituição que agrega um consenso de vários sectores e que é muito querida por todos. Que balanço faz desta vida do CAPA?

Celebrar o Aniversário do Centro de Assistência Paroquial de Amora é celebrar uma etapa de história vivida. É olhar para traz e ver todo o caminho feito, com o trabalho de todos os que já fizeram parte ativa nesta Instituição, enfrentando muitos desafios mas sempre a prosperar por um futuro melhor de si, com o objetivo de fazê-la crescer. E para isso, têm concorrido os vários funcionários que passaram pela instituição e que deram a sua grande contribuição com amor e dedicação; as centenas e centenas de famílias que nos confiaram os seus filhos, depositando no Centro de Assistência Paroquial de Amora toda a confiança; e os parceiros, como a Junta de Freguesia de Amora, que dão a sua preciosa contribuição e colaborando de diferentes maneiras. É com alegria e satisfação que sabemos que temos apoiado muitas famílias da nossa comunidade e que muitas das crianças que por aqui passaram, continuaram o seu caminho, nunca esquecendo o CAPA, recordando o que receberam aqui e que o CAPA lhes serviu como impulso para serem aquilo que hoje são. Mais do que nunca acreditamos na bela Missão que o Centro de Assistência Paroquial de Amora tem dentro da Paróquia e da cidade de Amora.

O CAPA - da solidariedade social do pós-guerra aos dias da pandemia

Missão: O CAPA é uma Instituição Particular de Solidariedade Social que tem como missão contribuir para o desenvolvimento de respostas sociais emergentes de problemáticas sociofamiliares, visando o crescimento e promoção de cada indivíduo, através de valores cristãos, concretizado no lema “A Felicidade que se tem pelo Bem que se Faz”.

Data da Fundação: 2 de Outubro de 1952, pela mão do então Padre Manuel Marques.

Os números:

- 300 = número de crianças (entre os 4 meses e os 11 anos) distribuídas pelas seguintes respostas sociais: Creche Familiar (56 crianças);
Creche (36 crianças);
Pré-escolar (175 crianças)
Centro de Atividades de Tempos Livres (40 crianças).

- 730 = número de famílias (freguesias de Amora e Corroios), apoiadas no âmbito do protocolo de RSI;

- 350 = número de pessoas, apoiadas ao nível do Programa Operacional para as Pessoas mais Carenciadas (POAPMC), assim como são diariamente servidas

- 30 = número de refeições diárias, servidas através da Cantina Social

- 40 = número de utentes acompanhados na resposta social “Refeitório Sociocultural”

Outros projectos: Integramos o consórcio do Projeto “Tutores de Bairro”, 7ª Geração do Programa Escolhas, na qualidade de entidade gestora do referido projecto.

Geral Finatto: o homem além do Padre

Nome: Geraldo Finatto

Idade: 67

Local de nascimento: Rondinha, Rio Grande do Sul, Brasil (a 13/02/1953)

Com que idade decidiu ser padre e porquê: Tinha 13 anos. Sou de uma família de origem italiana, muito católica e praticante, que habita no sul do Brasil. Família de 9 filhos, agricultores. Um dia um padre da congregação Scalabriniana visitou-nos e vendo uma família assim numerosa lançou o convite se alguém queria ser padre e foi ali que dei o meu sim.

Como reagiu a família: Foi difícil pois foi necessário abandonar minha família e entrar num seminário longe de casa e habituar-me a uma vida muito diferente. Em 1985, fui ordenado Padre. Fazendo parte da Congregação Religiosa dos Missionários de São Carlos – Scalabrinianos – que tem como carisma servir os migrantes. Por isso, fui enviado para França ao serviço dos migrantes portugueses e lá fiquei durante 29 anos. E desde setembro de 2016 sou pároco de Amora e sou feliz de viver a minha vocação nesta Paróquia.

O que gosta de fazer nos tempos livres: Sou filho de agricultores e, no pouco tempo livre que tenho, gosto de viver com a natureza, à volta do Seminário, cuidando das árvores, cortando relva, trabalhando na horta. Plantando e semeando.

Qual o seu clube de futebol: No Brasil minha equipa é o Grêmio de Porto Alegre – que se veste de azul. Aqui sou do Porto, certamente, porque em França os migrantes portugueses com que mais vivi eram do norte: minhotos, portistas e que, por coincidência, também se veste de azul.

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